Tempo, tempo, tempo, tempo...
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
ARTE DE AMAR - Manuel Bandeira
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma./
A alma é que estraga o amor./
Só em Deus ela pode encontrar satisfação./
Não noutra alma./
Só em Deus - ou fora do mundo./
As almas são incomunicáveis./
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo./
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
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Poetinha, poetinha das casas entre bananeiras, que fazia versos como quem morria, que lia as cartas que o avô escrevia à avó, que amou como se ama um passarinho morto, que viu o balão cair na rua do Sabão e que teve um porquinho-da-índia como primeira namorada...
Ah, "pernambucanozinho oxente"! Seu singular lirismo muitas vezes se perdem no carnal e, eroticamente embrenha seus versinhos para a pele, o corpo que emudece a sua alma ...
" Teu corpo é tudo o que cheira.../
Rosa... flor de laranjeira.../
[...] Volúpia da água e da chama.../
[...] Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo.../"
( POEMETO ERÓTICO ) *
"O teu corpo crispado alucina. De escorço/
O vejo estremecer como uma sombra nágua."
( BODA ESPIRITUAL ) *
"Mas o teu corpo tinha a graça/
Das aves... Musical adejo.../
Vela no mar que freme e passa.../
E assim nasceu o meu desejo."
( INGÊNUO ENLEIO ) *
" É o silêncio da tua carne./
Da tua carne de âmbar, nua,/
Quase a espiritualizar-se/
Na aspiração de mais ternura."
( O SILÊNCIO ) *
"Os epitáfios também se apagam, bem sei./
Mais lentamente, porém, do que as reminiscências/
Na carne, menos inviolável do que a pedra dos túmulos."
- Será mesmo que "A volúpia é bruma que esconde/ abismos de melancolia"?/
( Versos do poema PIERROT MÍSTICO * )
* Poemas do poeta Manuel Bandeira
NOTA: Quando "Enkantinho" fica "encimesmada", costuma ler Manuel Bandeira e Cora Coralina; Crítica, busca Drummond, Ferreira Gullar e introspectiva: Fernando Pessoa.
Coisas de Enkantinho!!!
Até maisssss....
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