Tempo, tempo, tempo, tempo...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Explode coração!



Tenho algo em mim, talvez característico dos que escrevem, que está se tornando mais crônico à medida que o tempo passa: quando me vem a vontade de escrever, fico louquinha para "derramar" minhas ideias no blog e isso tem que ser feito, porque se não faço naquele exato momento, a inspiração foge que nem chuva em terra nordestina e aí eu já engaveto o post na memória e torna-se difícil resgatá-lo...


Estou com a alma sequiosa para escrever sobre mtas coisas mas o tempo não tem permitido (um novo ambiente de trabalho sempre nos suga todo o nosso tempo e energia). Sinto sede de escrever mas quando me encontro cansada, as ideias ficam bêbadas, bêbadas e terminam por embebedar-me, até que termino por dar prioridade à leitura, mas passo a sentir-me como uma bexiga cheinha e pronta para explodir.
Não, Lu! (diz-me a consciência) ... Contento-me a ler um poeminha de Drummond que caracteriza o amor como sendo a força transformadora, a abnegação, a paciência e ao mesmo tempo nos mostra que não existe um lugar "mágico" para onde podemos fugir dos problemas do mundo, da vida e que devemos aprender a viver com as dores, os absurdos, as mudanças, as lutas...


Os ombros suportam o mundo


        Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.    
        Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Do livro "Sentimento do mundo" - 1940) 

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