Tempo, tempo, tempo, tempo...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O grande segredo de formar aluno leitor...


...esta foi a indagação que uma colega de trabalho me fez um dia. 


Não há muito segredo, não... A primeira fórmula mágica é ter que demonstrar gosto pela leitura, pelos livros e a segunda é instigá-lo a ler (isto só é possível e sem artificialidade,  se gostarmos de ler).


Quem pensa em formar leitores, precisa apaixonar-se pelos livros, precisa mostrar convivência frequente com estes; tomemos como exemplo a família: se há um hábito de leitura por parte dos pais, os filhos tenderão a copiá-los (quase nunca saio sem um livro e meu filho mais novo quando sai comigo, carrega consigo um mangá, um gibi ou afim) e como nós (eu e o pai) possuímos o costume de lermos ao usarmos o banheiro, eles também já  procuram por sua revista preferida no cestinho de revistas...


A família é a principal fonte formadora de leitores: o lar é a biblioteca raiz! 


Em se tratando do trabalho como bibliotecária, costumo utilizar diversos métodos:


1. Busco resumir o livro e dou uma parada no clímax (daí desperto a curiosidade);
2. nos horários de empréstimos, procuro estar mexendo nas prateleiras e a sugestionar títulos (a gente aprende a lidar com as preferências de gêneros);
3. percebendo  que o aluno não desenvolveu o hábito de leitura, busco levá-lo a conhecer gêneros de fácil apreensão, como as histórias em quadrinhos, o cordel, os livros de humor;
4. 
5. no momento da devolução, troco ideias acerca do livro lido e se sei que  aluno apreciou, incentivo-o a ler outro similar;
(uma aluna embeveceu-se com O PEQUENO PRÍNCIPE em quadrinhos e como no acervo eu não tinha o livro de Exupéry, trouxe o que pertence ao meu filho menor: o encanto foi ampliado...
6. o bibliotecário tem que estar bem próximo do aluno e unir forças juntamente com os demais profissionais: assim que iniciei minhas atividades, fiz um horário de empréstimos durante as aulas de Língua Portuguesa e contava com o incentivo dos professores que encaminhavam os alunos (em pequenos grupos) enquanto eu o integrava ao espaço informando-os como localizar os livros,  comportamento na biblioteca... Hoje, são eles que vão correndo para a biblioteca...
7. envolver o aluno (em horários vagos) nas atividades da biblioteca (colocando um livro no local correto, por exemplo, o faz aproximar-se da leitura e sentir-se sujeito do processo).
8. para os menores, nada melhor que contar uma história, um conto (eles ficam "boquiabertos"), mostrar-lhe um livro ilustrado (os que chamamos de imagéticos) e folheá-lo fazendo-o contar o que vê ou envolvê-lo com uma atividade secundária (consegui conquistar um não leitor hiperativo, com um TANGRAN e um manual... Ele gostou tanto que passou a procurar a biblioteca para descobrir coisas novas... Hoje é fiel leitor da revista "Ciência Hoje" e vive me transmitindo suas descobertas...).
9. o segredo de manter a organização é sempre estar mostrando-lhes o porquê daquela ordem, o porquê daquele código (de nada adianta reclamar da desordem, se você não educa): quando o aluno compreende o processo, está inserido nele,  tende a buscar ordená-lo ou pelo menos mantê-lo organizado.
10. no final do ano letivo é sempre bom expor dados acerca da leitura por meio de gráficos (a turma que mais leu, o aluno leitor, quantidades de livros etc) e buscar prestigiar os leitores com um pequeno evento, um brinde, uma festinha.
11. "trocar fichinha" (trocar ideias) é uma fórmula mágica: eles gostam muito de ouvir a nossa opinião, falar dos personagens, das atitudes, argumentar, criticar... e a prática também nos auxilia a detectar se o aluno realmente está lendo.
12. desenvolver pequenos projetos de leitura é fundamental para a contemplação da leitura nas suas múltiplas formas e linguagens (evidentemente, o LER POR LER é também algo muito prazeroso).




Estando a três meses na atual biblioteca, os alunos já reconhecem as prateleiras (por gênero literário) e escolhe o seu livro, já conseguem guardar o  que reserva no lugar adequado, faz o registro sozinho, anota data de devolução (claro que tenho a obrigação de conferir os dados), porque ele é sujeito do processo e o faço sentir-se como tal.


Para envolver os mais distantes dos livros, estipulei um dia da semana para que eles pudessem utilizar livremente materiais pedagógicos que desenvolvem o raciocínio lógico e jogos da revista Ciência Hoje (observei que durante as atividades, diversos alunos passaram a levar livros para casa).


Há que se ter muito amor pelo que se faz (imagine que esta semana eu tinha horas para folgar de terça a sexta-feira, mas não o fiz pensando que os leitores poderiam ficar esses dias sem a troca de livros) e compreender que a leitura transforma realidades, vidas e o comportamento leitor necessita de cuidados... 


O sucesso vem, quando pais, escola e governo estão bem articulados mas cabe ao Coordenador de biblioteca tornar o ambiente atraente, organizar eventos e fazer uso do dinamismo fervoroso.


Vixeeeeeeeeee! Há muitos jeitinhos, que a gente vai aprendendo a medida q o tempo passa... Mas digo-lhes com conhecimento de causa:


A FAMÍLIA É A PRINCIPAL FONTE DE INCENTIVO À LEITURA!


"Bendito, bendito é aquele que semeia livros
Livros à mão cheia  e manda o povo pensar
O livro caindo na alma
É germe que faz a palma
É chuva que faz o mar"

(Castro Alves)


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