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terça-feira, 1 de agosto de 2017

A sutileza de Manoel de Barros


 RETRATO DO ARTISTA QUANDO COISA                    


A maior riqueza
do homem

é sua incompletude.

Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,                  
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

(Manoel de Barros)



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