Tempo, tempo, tempo, tempo...

sexta-feira, 2 de março de 2018

Recife antigo






Família: pedaço de mim

















Trilhos conservados

Rio Capibaribe


Eu já havia visitado Recife por algumas vezes, mas em nenhuma delas tive a oportunidade de visitar o Recife antigo. Ah, como perdi tempo! O bairro é esplêndido, rico, lindo demais!

Vemos ali traços proeminentes das culturas portuguesa, holandesa, judia e francesa. A Europa do século passado está ali, vivíssima! O estilo eclético (sobreposição de ornamentos de diversas origens, que nasceu na França e se espalhou pelo mundo) e o neoclássico são de uma riqueza exuberante!

Para os meus seguidores estrangeiros, Recife é a capital do meu estado, Pernambuco.

Antes de postar algumas fotos, quero sintetizar um pouco da sua história. Falemos dos primórdios:

O nosso estado, abrigou a capitania de maior desenvolvimento econômico da primeira metade do século XVI e abrigou a mais importante colonização europeia no Brasil.
A primeira expedição que aportou em Pernambuco foi a do português Gonçalo Coelho (1501), no propósito de desbravar Fernando de Noronha (primeira capitania hereditária do Brasil (1504).
Neste período, já havia a exploração de piratas franceses: consta que Jean Duperet, capitão do navio francês La Pélerine, construiu uma fortaleza provisória no litoral de Pernambuco.

O referido francês carregou um navio de Pau-Brasil e seguiu para a Europa, enquanto a fortaleza ficou com 70 homens vigiando o local. Pero Lopes (expedição de Martim Afonso) derrotou os franceses e o navio La Pélérine foi capturado pelos portugueses.

A colonização efetiva de Pernambuco ocorreu com a chegada de Duarte Coelho, donatário da Capitania que se estendia desde Igarassu, ao norte, até o rio São Francisco, ao sul. Era a Nova Lusitânia, nome dado à Capitania pelo próprio donatário.

Sendo Duarte Coelho filho bastardo do navegador Gonçalo Coelho, recebeu de D. João III, a doação da Capitania de Pernambuco. Ali ele fundou um povoado numa colina, no ano de 1537 (esse povoado já era a Vila de Olinda).
Por volta de 1535, formou-se também um povoado em um porto natural, perto de Olinda. Posteriormente, tornou-se a Vila do Recife.
Pernambuco passou a ser a mais próspera capitania brasileira (engenhos de açúcar).
Após a morte de Duarte Coelho, os holandeses invadiram a capitania (1630 a 1654) e estabeleceram sua capital em Recife (Maritzstad – Mauriceia, como a chamavam, homenageando Maurício de Nassau).

No início do século 18, grande parte dos nobres da Capitania, morava em Olinda, enquanto Recife abrigava a maioria dos comerciantes, chamados de mascates. Devido a conflitos de demarcação de terras entre os dois municípios, moradores de Olinda invadiram Recife, em 1710, iniciando a Guerra dos Mascates. Ameaçado, o governador Castro embarcou para a Bahia. O novo governador, Felix José Machado de Mendonça, sufocou a rebelião no ano seguinte, fazendo concessões a ambos os lados.
Em 1716, a Capitania de Pernambuco foi incorporada à Coroa Portuguesa, que indenizou o herdeiro do donatário. Em 1763, a Coroa também adquiriu Itamaracá.
A partir de 1811, Pernambuco foi palco de revoltas separatistas, que culminou com a Revolução Pernambucana de 1817. Pernambuco era uma das capitanias mais ricas do Brasil e os pernambucanos não se conformavam em pagar impostos para sustentar o desenvolvimento e os privilégios no Rio de Janeiro. Em 7 de março de 1817, os revolucionários estabeleceram um governo provisório de uma república independente. Em resposta, D. João VI enviou uma frota com Lord Cochrane e Francisco de Lima e Silva, contra os rebeldes. O governo português foi restabelecido, em Recife. Alguns de seus líderes foram presos e executados.
Alguns presos foram enviados para a Bahia. Desses, alguns foram fuzilados no Campo da Pólvora. Outros permaneceram encarcerados no Forte de São Pedro.  Bahia e Pernambuco tiveram forte conexão nos movimentos que resultaram na Independência do Brasil. O médico e jornalista baiano Cypriano Barata, por exemplo, um dos líderes da Conjuração baiana (1796-1798), participou ativamente da Revolução em Pernambuco. Os revolucionários que continuaram presos no Forte de São Pedro provavelmente tiveram alguma relação com o movimento armado de oposição à Coroa portuguesa, que eclodiu em fevereiro de 1821, em Salvador.
Após a Independência do Brasil, outro conflito ocorreu, em 1824. Insatisfeitos com a nova constituição imposta por D. Pedro I, líderes pernambucanos proclamaram a Confederação do Equador, que buscava reunir as províncias de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. Tropas enviadas pelo Imperados reprimiram a insurreição em novembro do mesmo ano.
Em 1848, aconteceu a Revolução Praieira, em que Joaquim Nabuco pregava ideais republicanos.
Com a República, Pernambuco tornou-se um estado da Federação. Ainda era um grande produtor de açúcar.
No início do século 20, Pernambuco continuou seu ritmo desenvolvimentista. Em 1960, Recife era a terceira maior cidade do Brasil, em população, com cerca de 800 mil habitantes.
A presença destes imigrantes, por vezes subestimada, construiu a história do Estado junto com os escravos negros africanos e os nativos ameríndios.

A diversidade de etnias (portugueses, alemães, italianos, franceses, indígenas, árabes...), fez com que o Estado se tornasse tão heterogêneo.
 Cá para nós: eu sempre pensei que Maurício de Nassau fosse português (ele era alemão).

Todos estes feitos, estão vivos no Recife antigo, reformado de 1909 até 1920, no propósito de modernização.

A beleza dos sobrados portugueses, me deixou embevecida! Quanta riqueza!

O bairro abrigou o primeiro porto de Pernambuco (invadido pelos holandeses), caracterizado pelos sobrados portugueses.

Embora os holandeses tenham invadido o porto, eles não contribuíram com a arquitetura atual do bairro.

O Recife antigo é o bairro mais tradicional da capital e um polo cultural e de muita animação (restaurantes, boates, feirinha de artesanato), com a beleza do Marco zero ((à beira do rio Capibaribe), de onde se medem todas as distâncias no estado de Pernambuco e da primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur (Israelita, construída em 1637 por judeus vindos de Amsterdã.

Ali também se encontra a  Praça das esculturas de Brennand (artista plástico, ceramista, pintor e escultor recifense – amigo intimo de Ariano Suassuna); Barcos atravessam o rio Capibaribe para que se possa visualizar melhor estas obras.


Ali se encontram ruas com paralelepípedos e pedras portuguesas e o retrato vivo da invasão holandesa.

Não cheguei a visitar o Shopping Paço Alfândega (antigo convento), construído a mais de 280 anos pelo imperador ( e hoje um dos principais centros turísticos do Recife (noventa e seis anos após o início da ocupação, abrigou-se ali a Alfândega Pernambuco, no período de exportação da Cana de açúcar. O prédio foi tombado como Patrimônio histórico cultural nacional e passou a ser reformado em 2.000. Dizem que do prédio, a visão do Recife antigo e o por do sol no Capibaribe é maravilhoso.

As ocupações portuguesas-holandesas e a revitalização da cidade, atraem muitos turistas.

A Torre Malakoff (nome dado pela população) que remonta a Guerra da Crimeia (Rússia), tem na sua  arquitetura, traços das  mesquitas do oriente (estilo tunisiano). Construída (1853-1855) para servir como observatório astronômico e portão monumental do Arsenal da marinha, hoje funciona como espaço cultural (artes visuais e músicas).


Recife é uma das poucas cidades brasileiras que tem um cemitério próprio para os imigrantes ingleses e seus descendentes: o Cemitério dos ingleses. Apresenta um portão de ferro datado de 1852 - obra dos ingleses da Fundição d'Aurora - e possui um administrador particular, não remunerado, que é eleito por ingleses e seus descendentes.

O último bonde inglês a circular no Recife fazia o trajeto Boa Vista - Madalena, e funcionou até março de 1954. O bonde permanece exposto na Fundação Joaquim Nabuco.

Muitos estrangeieos estiveram nas nossas terras: japoneses, suecos, dinamarqueses, russos...


E não se sabe ao certo, mas dizem que o frevo provém da cultura russa.


Eu e o maridão ficamos apaixonados pela riqueza histórica. Estávamos acompanhados de uma sobrinha amada, Alexsandra Peixoto e seus adoráveis filhos (Mateus e Stela). 

Apaixonante!

Vejam alguns cliques do lugar. Creio que irão adorar (embora câmera não tenha sido boazinha).


"Beijim" nordestino!

Lu 








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