Tempo, tempo, tempo, tempo...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Descrever o indescritível...

AUTOPSICOGRAFIA O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. Fernando Pessoa ( para mim, o poeta mais intenso )

Deixa eu falar um pouquinho do que penso acerca do poema:

O ilustre lusitano, descreve com maestria a arte poética: a poesia não reflete a dor verdadeira e sim a dor recriada, a dor adornada pela linguagem conotativa... Esta sim, será a dor que deveras sente.

Assim, o leitor sequer sente uma das dores: a dor real nem a dor imaginária. Também não sente a sua dor ( a dor do leitor ), mas passa a sentir uma outra dor: a dor que inspira o poema e que de forma diferenciada a cada leitor; a dor subjetiva, a dor que surge de acordo com a sensibilidade de cada um ( que coisa louca, Enkantinho! rsrsrs ). O poeta nos acorda para os toques da razão e do coração: o coração, tempo em que se surge a inspiração e a razão, tempo em que o artista trabalha o seu poema. Fernando Pessoa encanta com a descrição que faz do seu estado psicológico no momento da criação, sem deixar de dizer que a poesia é construída de forma áurea no tocante aos elementos mórficos. Mas eu vou ficando por aqui, porque senão, corro o risco de ser chamada de "MALUQUINHA", já que descrever Fernando Pessoa, é descrever o indescritível.

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