Tempo, tempo, tempo, tempo...

quarta-feira, 2 de março de 2011

O bicho homem e seus estimados (parte I)

Se tem uma coisa que me deixa bravinha é ver seres que se dizem humanos, tratando mal um animal irracional. Ah, isso realmente me tira do sério, viu? E me questiono: quem é mesmo o irracional?...

Hoje, na ida pro trabalho, deparo-me com uma cena estarrecedora: lá me vem um senhor, em cima de uma carroça (aqui no Nordeste, esta cena é comum) com seu animal com uma carinha de extremo cansaço, fome, sede: um burro velho e estupidamente cansado!

O animal, estarrecido pela sede, "empaca" para saciar a sede numa poça de lama. Lama, literalmente, sujona, muito sujona. Olho aquele animal e sinto muita piedade e muita indignação por saber que ele serve de instrumento de trabalho e o dono não retribui a escravidão com uma simples água limpinha e "sacanamente" espelha uma cara de insatisfação por estar perdendo seu precioso tempo em deixar o pobre animal sanar sua sede.

Dou-lhe bom dia e engulo minha indignação. Putz!!! Calo-me, porque sei que se assim age, é porque falta-lhe cultura, "lugar ao sol" e que ele é também vítima de um país desgovernado!

Bem, deixemos de lado estas lamúrias (não gosto delas. Penso que enfeiam meu blog). Falemos tão somente da relação homem x animal irracional:

Eu sempre fui muito, muito, muito apaixonada pelos animais. Criei-me em meio a eles: meu pai foi exímio criador de canários e galos (sacanagem: ele gastava dinheirama com os tratos para deixá-los belos e lhes ensinava, coisas que até Deus duvida!).

Sim, bem sei: ele era extremamente carinhoso com os animais e os tratava com reis mas o que eu não entendia era o fato de ele ser assim e depois colocá-los para brigar. Ai, eu ficava louquinha da vida e nunca aceitei. Claro que era maltrato também!

Ainda criança, eu refletia: de que adianta para aquele pássaro tão belo, um excelente alimento, uma linda gaiola se ele não possui liberdade. Aquilo me intrigava tanto que cansei de abrir as gaiolas, os viveiros para ver o pássaro voar livremente ( e olha que eu sentia, porque amava-os; mesmo assim eu os queria ver livres!).

A bem da verdade, o meu pai não me batia, mas ficava numa tristeza "medonha". Às vezes eu o enrolava dizendo que ele havia esquecido a gaiola aberta ao alimentá-los. Era uma excelente saída, claro.

Confesso que ficava com a consciência doendo barbaridade (os pássaros eram muito caros. Muito caros mesmo! Afinal, havia pássaros que cantavam parte do hino, que faziam cafuné nele, que voava, passeava e depois voltava à gaiola e que, acima de tudo eram lindooooooos!).

Também criei-me em meio a pintos, cabras, bodes e uma série de animais que eu tinha como bichinho de estimação.

Lembro-me que ainda bem pequenina, costumava pegar os pintinhos e apertava-os tanto (era carinho demais) que terminava por esfolá-los de tão intenso que era o meu chamego. Tadinho dos pequeninos! Eles morriam mesmo... Vixeeeeeee!

Durante toda a minha vida (inclusive hoje), criei bichinhos: tartaruga (a linda Hana), mocós, periquitinhas, cachorros e mais cachorros, pombinha ( uma comia no meu prato), peixes em tanques (ainda os tenho), coelho... rsrsrs

Se for contar a história de cada um deles, vocês duvidarão (sempre tive uma relação muito intensa com os animais); entretanto, quero que saibam que já tive até um "pardal" amigo que todos os dias me visitava, tomava seu banho no tanque enquanto eu o usava, e vinha atrás de sua comidinha (que eu colocava Caxiasmente todos os dias no mesmo horário). Pasmem! Quando eu esquecia de colocar, ele entrava na minha cozinha e voava diversas vezes ao meu redor como a chamar-me... Não acreditam? Pois é. Dei-lhe o nome de "Bonito" e ele me acompanhou por longos dias, até que tive que ir morar no Japão.

Mesmo lá, minha mãe contava que vez ou outra "Bonito" aparecia no pé de romã (e eu de lá morria de saudades!).

Os peixes do nosso tanque, conhecem a minha voz. Sério!!! Quando me aproximo falando, eles ficam louquinhos até a hora em que ponho a ração (são interesseiros!).

Também recebo a visita de um beija flor (ultimamente anda sumido em virtude das chuvas): ele chega no jardim e se delicia nos hibiscos e se estou sozinha,  fico a conversar com ele durante minutos mas basta chegar alguém que ele voa arisco.

Em síntese: gosto de animais e costumo dizer que não acredito em seres que não os aprecia ou os maltrata.

Durante as desastrosas chuvas do Rio de Janeiro, enquanto eu sentia pelos cidadãos, ficava sempre a me perguntar: e os animais? Como estão os animais? Ninguém comentava sobre eles, porque o momento era de salvar a população; mas eu me questionava a todo momento: como estão os animais?

Já observaram que os animais nunca nos deixam de amar? Não importa o que lhes façam: são fieis e quando amam, amam e ponto final! Nós humanos é que amamos e desamamos com muita facilidade!

Escrevi demais. Sei. Escrevi demais. Meu amigo blogueiro, André Mansim, diz-me que sou preguiçosa para escrever no meu blog. Confesso: demoro. Quando começo não quero mais parar!!!

Esta postagem não termina aqui. Quero falar-lhe sobre o mundo animal de maneira mais objetiva e no próximo post vou provar que a relação homem x animal irracional remonta a época da colonização do Brasil e que eles ajudaram nesse processo e foram fontes de inspiração à criação de muitas lendas brasileiras.

Gde abraço e até o próximo encontro.



2 comentários:

Andre Mansim disse...

Japinha, que legal vc ter vivido em meio a tantos animais!
Eu uma vez arrumei uma briga de rua com um cara que estava com uma carroça tãããããããoooooo cheia que o cavalo não estava dando conta de puxar... Eu fiz ele descer da carroça e a gente rolou no chão de porrada, hahahahahahahahahahaha. Mas valeu a pena levar uns tapas, hahahahahahahahahahahaha.


Aparece no blog.

Lu Almeida Imoto disse...

Pois é, Mansim... Não consigo viver sem animais!
Tapas merecidos... kkkkkk

Abração de afeto,