Tempo, tempo, tempo, tempo...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um certo Coronel Quelê e outras histórias...


Revendo meus arquivos de fotos, deparo-me com o registro de um humilde gesto do deputado Geraldo Coelho, que tão gentilmente envia-me um exemplar da obra "Coronel Quelê, adversidade & bonança", no propósito de agregá-la ao acervo da biblioteca na qual exerço minhas atividades como funcionária pública.
O referido deputado, é um dos  filhos do "Coronel Quelê" (pasmem: ele foi pai de dezessete Coelhinhos!), um cidadão intimamente ligado à grandeza e desenvolvimento de Petrolina (minha  honrosa cidade).
Acerca da obra e do velho "Quelê",  falarei-lhes seguidamente. Antes, quero enaltecer a família Coelho (os descendentes do Cel. Clementino). 
Não. Não pensem que sou uma fanática: embora tenha trabalhado no Grupo Coelho durante mais de uma década, não fui em momento algum, uma fanática partidária. Admiro-o por serem homens íntegros (nossa! Aí eu tiro mesmo o meu chapéu!) e por saberem lidar com o âmbito político.
Aos que me leem e não conhecem a história da família Coelho, restrinjo-me a dizer-lhes que o Coronel Quelê (Clementino Coelho) foi um pioneiro da nossa cidade, que aqui fincou pé, trabalhou com perseverança, sabedoria, perspicácia e construiu seu império por meio de muito trabalho e determinação. 
Os descendentes do velho Quelê, primaram na manutenção do império e ele cresceu, cresceu: podemos dizer que o Grupo Coelho passou a ser o maior grupo empresarial da região, além de fazer brotar no âmbito familiar o tino político (com mais de 100 anos, ainda hoje os temos como líderes políticos.)
Não quero adentrar-me por aqui. Saliento apenas que a família Coelho constitui um grupo político imortal e ativo,  que jamais se distancia do poder; quer seja como vereadores, prefeitos, deputados estaduais/federais, senadores e hoje um nome de Coelho enaltece nossa terra no Ministério da Integração Nacional: Fernando Bezerra Coelho é Petrolinense da gema e neto do então citado coronel.

Tive a honra de ter o meu primeiro emprego, junto a esse grupo. Digo honra, porque em meio a eles, pude aprender muitos valores. Dentre esses valores, exalto a integridade e a disciplina (algo extremamente visível no comportamento da família Coelho).

Era um tempo de bonança e o Grupo Coelho tornava-se cada vez mais imponente e crescia no ramo dos negócios. A empresa na qual trabalhava era tão grande, que era comum nos depararmos com funcionários  na área administrativa, que nunca havíamos visto antes. O ramo de negócios era abundante: fábrica de fios, tecidos, saboaria, fabricação de óleo de soja, rede de supermercado, postos de combustíveis, curtume, fazendas, transportadora, imobiliária, escola,  concessionária, construtora e muito, muito mais... As Indústrias Coelho  se encontravam espalhadas, através de filiais, por quase todo  o Brasil e com uma indústria têxtil no estado do Piauí, desde a década de 40.
Fios e tecidos passaram a ser exportados e passou-se a fabricar lençóis/fronhas com o tecido de algodão.
Nesse apogeu, ali estava "euzinha", com o meu primeiro emprego... Conquistei cargos e experiência. Tornei-me determinada, forte, segura, disciplinada, tolerante, no convívio com a família Coelho. Aprendi muito com eles!

Secretariei um dos filhos do deputado Geraldo Coelho e trabalhei diretamente com um outro, na área de exportação: eles nunca me pediram ou exigiram (como muitos políticos o fazem!) o meu voto. Sequer falavam  em política e eu admirava essa postura disciplinada e íntegra!
Ademais,  desconheço um Coelho vândalo, ostentador, beberrão, sem princípios morais acirrados e exposto aos escândalos sociais (algo muito comum em famílias de abastados). 

Petrolina cresceu, graças ao empenho político da família Coelho. Isso é fato. Interesses próprios, quem não os tem, estando no poder? Fato é que muito se deve a ela. Muito mesmo! Principalmente no tocante ao âmbito da educação e da agricultura. 
Eles são tachados de conseguirem votos através do coronelismo, do voto "cabresto". 
Quanta bitolação! Se os Coelhos possuiam seus interesses particulares (comuns numa sociedade capitalista), também primavam por trazer cada vez mais excelentes benefícios à cidade. Algo extremamente benéfico ao progresso. Troca? Que assim o fosse. Os Coelhos sempre tiveram um nome a honrar perante a sociedade petrolinense: Mesmo que realizassem feitos por interesses próprios, algo estava intimamente ligado: eles, de forma direta ou indireta, estavam terminantemente  fazendo por Petrolina (como filhos da terra, acredito que eles a amam). 

A história política da família Coelho é longa, traçada, trilhada... Que dizer de governantes estrangeiros, sem raízes? Que dizer do seu amor à terra? Que dizer do seu compromisso perante o povo petrolinense? Que dizer da evolução da educação, sem as mãos do deputado Osvaldo Coelho? Que dizer da agricultura nos projetos de irrigação? Se não é por mérito, como um dos Coelhos alcançou um Ministério, o Senado?!

É irrefutável, aos que acompanham a política local, a associação feita  entre a família Coelho e a grandeza de nossa cidade.

Cresci, lendo a respeito do Coronel Quelê... Meu pai, também funcionário do grupo Coelho, nos contava histórias engraçadas do velho Quelê... Passei a ler seus "causos", sua história e a história dos seus descendentes. Quero registrar algumas coisas sobre ele. Preocupo-me com a "humildade" da família no tocante ao registro maior de sua história. Creio que Petrolina merece um museu voltado somente para essa saga. Creio também que a família não está volvendo os olhos com afinco,  para esse legado: muitos objetos valoráveis encontram-se esquecidos nos porões dos anos que vão passando. Há pouco exposto no Museu do Sertão. Pouco, para tão longa e bela história de vida. 

Deixo abaixo, texto de Roseanne Albuquerque, escrito no Jornal do Commercio de 18/07/10, resenhando a obra de José Américo de Lima:
(Foto: Lourdes Imoto)


A VIDA E O PIONEIRISMO DO CORONEL QUELÊ

PETROLINA – Conta a história que em meados de 1932 o Sertão pernambucano vivenciou um de seus mais rigorosos períodos de estiagem. Famílias inteiras definhavam de fome e sede, atracadas por um destino que parecia insólito e desafiador. A situação de descaso e pouca iniciativa dos governos federal e  delas, Clementino de Souza Coelho, mais conhecido como Coronel Quelê, fazia sua parte para tentar amenizar o sofrimento dos ribeirinhos: não raro, era visto dando comida aos mais atingidos pela seca. 

A história de Seu Quelê – patriarca da família Coelho, uma das mais representativas do Sertão pernambucano – é relembrada no livro Coronel Quelê, adversidade e Bonança, lançado ontem à noite no auditório do Senai, em Petrolina. Com 198 páginas, o livro – uma publicação da Editora Bagaço – foi 
escrito pelo professor e escritor José Américo de Lima, falecido em dezembro passado. Durou dois anos para produção – entre pesquisas, transcrição de entrevistas e escolha de material – e teve também o trabalho de pesquisa dos professores Moisés Almeida e Carlos Eduardo Romeiro. 
“É um trabalho importante na medida em que pode mostrar às pessoas uma percepção da história da cidade. Petrolina começou a crescer na década de 50, mas teve o reflexo do legado da década de 40, e aí não se pode deixar de registrar o empreendedorismo da família Coelho. Eles foram importantes para a base da economia. Hoje a gente fala de exportação para a Europa, mas seu Quelê foi pioneiro no envio de couro no período da 2ª Guerra Mundial. Na questão política, lutava para melhorar a infraestrutura da região. Quelê queria que as coisas produzidas aqui alcançassem outros mercados”, observa o historiador Moisés Almeida. 
Seu Quelê tem sua história entrelaçada com os primeiros passos de desenvolvimento de Petrolina. Obstinado pela educação dos filhos, pode ser visto como célula fundamental no processo de formação política da cidade sertaneja. 
“Naquela época, Petrolina tinha uma presença pálida do governo. As ações eram fracas, não muito visíveis, a prosperidade não chegava por aqui. Apareceu nesse contexto os homens que enfrentavam isso. As dificuldades eram normais de quem era pobre e não tinha auxílio de governo. Naquele tempo, ele foi forte, educador, empreendedor”, pontua o ex-deputado federal e um dos filhos de seu Quelê, Osvaldo Coelho. 
Osvaldo defende a publicação do livro como uma ferramenta de ensino para as novas gerações. “É uma necessidade histórica. Petrolina tem que ter um conhecimento da sua história, dos primórdios até hoje. Acho que a cidade é até descuidada disso. A nós, da família, ocorreu essa ideia de mostrar o coronel Quelê não apenas para os familiares, mas sobretudo, para as novas gerações. 
Pelo tipo de comportamento que ele teve, tem muito o que ensinar aos mais novos, como empreendedor, como homem de sociedade, como cívico, através do amor à sua terra”, contextualiza. 
Tirou Barbosa Lima do sono.
Casado com Josepha Coelho, com quem conviveu por toda a vida, o Coronel Quelê costumava receber em sua casa autoridades políticas, com a mesma destreza com que abraçava os mais simples. Quando o assunto era o Sertão, as palavras fluíam com facilidade para pedir e exigir melhorias. Em uma das passagens do livro Coronel Quelê, adversidade e bonança, há o relato de uma “chamada” que certa vez deu no governador Barbosa Lima Sobrinho, em 1948. Hospedado na casa da 
família Coelho, o governador – que estava em Petrolina a convite do Primeiro Congresso Eucarístico Diocesano – foi acordado às 7h por Seu Quelê. “Governador, por favor acorde que o senhor veio passar muito pouco tempo aqui e precisa tomar conhecimento dos problemas da região. As oportunidades que o senhor tem de vir até aqui são poucas e não se pode gastar tempo dormindo”, teria dito o Coronel Quelê. A lembrança veio no depoimento de Augusto Coelho, um dos filhos e ex-prefeito de Petrolina, pontuado no livro. 
Na consolidação da política no Sertão pernambucano, Seu Quelê conclamou coronéis de municípios vizinhos – a exemplo de Fernando Bezerra (Ouricuri), Florêncio Barros Filho (Santa Maria da Boa Vista) e Manuel Ramos (Araripina) – a unirem forças e apoiarem candidatos que tivessem compromisso com a região. 
“Ele abriu os caminhos de Petrolina para a representação política. No final da década de 40 preparou seus filhos para representar a cidade na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Os primeiros foram Gercino Coelho, deputado pela Bahia, e Nilo Coelho, por Pernambuco. A história do 
desenvolvimento político e econômico da cidade passa pela família Coelho”, afirma Moisés Almeida, um dos pesquisadores do livro. 
Se por um lado a obra mostra o homem exigente, obstinado, empreendedor, atento às questões sociais que o cercavam, por outro, apresenta um personagem absolutamente reservado, bem relacionado e com uma preocupação muito grande com a união e educação da família. 
Seu Quelê foi grande empresário na época, seus negócios chegaram a se expandir até o norte de Minas. Era conhecido pela coerência e determinação e sua palavra tinha peso. Ao folhear a obra, o leitor vai encontrar a história do clã sertanejo paralelo com os primórdios de Petrolina, com a chegada das grandes obras religiosas e o embrião do que seria o comércio e a indústria no futuro. O 
livro também conta com depoimentos de amigos e familiares de Coronel Quelê, morto em um acidente em 1952".



Um comentário:

BLOG DINIZ K-9 disse...

Lu, gostaria de agradecer a visita e o voto dado ao Blog Diniz K-9. Também quero parabenizá-la pela excelente postagem, pois sou fã da história da Família Coêlho. Tentei colocar aqui minha opinião sobre a história da Família, porém não coube, então mandei pro seu e-mail. Volte sempre ao Blog Diniz K-9.
http://dinizk9.blogspot.com/